quarta-feira, 13 de fevereiro de 2008

Projecto inacabado

Carlos encontrava-se junto á janela do seu quarto. Ao fundo o rio lembrava-lhe que já tinha chegado á cinco anos. Recordava-se do seu primeiro dia na cidade nova, tudo era diferente, tudo era novo. A cidade envelhecida, com as suas paredes negras, reflectia a sua tristeza.
Sentado na sua cama, Carlos lembrava-se do seu primeiro ano, mas tudo se misturava não tinha recordações tudo era uma enorme bola.
Olhando pró relógio duas e meia da tarde… Não se lembrava da última vez que tivesse acordado mais cedo…
Estava agora no seu quarto novo, uma cama encostada á parede, na outra parede uma secretária, e no meio o seu saco. Queria começar de novo, uma vida nova. Tantos sonhos tantos objectivos. Será que os iria realizar?!
Saiu de casa foi até à faculdade de Direito. Sempre quisera esse curso, não sabia muito bem porquê mas era o curso que queria. Tinha que saber o horário, encontrar amigos, fazer amizades. Mas qual o caminho mais directo, quanto tempo demoro a chegar? Queria chegar à sua faculdade...
Como um gato curioso, assim Carlos percorria as ruas da sua nova cidade, tudo diferente tudo igual.
- Desculpa onde estão afixados os horários do primeiro ano.
- Nessa vitrina à tua frente. “Caloiro burro, nem sequer sabe ver”.
- Obrigado. “Simpático, não me praxou”, pensou Carlos.
Saiu da faculdade triste, não conhecia ninguém e não fizera amizades, era um mundo novo para ele. “ Na segunda é o primeiro dia de aulas tudo vai ser diferente, tenho aula ás oito e meia”, acordar cedo não era problema estava habituado.
Ao sair, pensou em lhe telefonar, dizer que estava ali ao seu lado, mas foi andando, não queria chegar a casa, apenas andar pela cidade. Conhecer a cidade encontrar alguém conhecido. Fugiu das recordações, “não quero passar no botânico”.
Estava junto ao rio, agora, queria estar já no último ano e despedir-se desse rio. Mas o rio estava parado apenas um pouco de água passava no meio. Queria sair dali…
Chegou exausto a casa, arrumou as coisas, agora desejava não ter entrado nessa cidade, nesse curso...
“ Tenho as mesmas dúvidas, as mesmas incertezas e cinco anos já se passaram, bem vou tomar banho”
As recordações agora não o largavam, tinha aberto a sua caixa de pandora.

Almoço, sempre a mesma dúvida, desde que tinha deixado de ir ás aulas, era sempre a mesma dúvida, acabando por comer qualquer coisa num café.
Tenho que mudar, pensa, mas forças, não as encontra.
E as recordações eram tantas... de todos os momentos de fraqueza, que apenas tinham passado por que outro pior tinha chegado.

(Projecto começado à algum tempo, pode ser que um dia retome)

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